Será
que o governo está explorando adequadamente este potencial, lembrando que
campanhas eleitorais anteriores asseguravam que esta seria uma prioridade.
Restabelecer a importância da Marinha Mercante em nosso País a qual na época
encontrava-se completamente sucateada. E Armadores e Empresas optavam por
fretar navios de bandeiras Internacionais, o que será que mudou?
Vejamos
a opinião do Engº Cristiano Cecatto que é Gerente
Executivo e Consultor especialista em logística
A Importância do Transporte Marítimo no
Brasil
Um
dos modais mais importantes para a indústria e a logística no Brasil, o transporte marítimo
ainda não tem todo o seu potencial devidamente utilizado. Sua importância está
diretamente ligada a intermodalidade, à geração de novos empregos, ao aumento
na movimentação de cargas no país e ao fortalecimento do setor de logística no
mercado nacional. Apesar de todas as dificuldades que enfrenta - com portos
ainda inadequados, burocracia e altas tarifas, para citar apenas algumas
- o setor movimenta mais de 350 milhões de
toneladas ao ano. Fica fácil imaginar o quanto este número pode melhorar se
houver uma preocupação e um trabalho efetivos para alterar este quadro.
É
triste explicar como um país cujo litoral é de 9.198 km e que possui uma rede
hidroviária enorme, ainda não explore adequadamente o transporte marítimo. É
óbvio que o investimento necessário para otimizar e modernizar este sistema é
grande e que a movimentação de cargas por ele não tem a mesma velocidade do
transporte aéreo ou ferroviário. Mas são 16 portos com boa capacidade, com
destaque para os de Santos (SP), Itajaí (SC), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre
(RS), Paranaguá (PR) e Vitória (ES). Existem ainda duas hidrovias para o
transporte fluvial no interior do Brasil e com os países vizinhos do sul e
sudeste (as hidrovias Paraná-Paraguai e Tietê-Paraná). Então, fazer o setor,
responsável por 11,72% do movimento de carga registrado no país, crescer é
difícil, mas não impossível.
O
número de empregos gerados seria fator determinante para a diminuição da
pobreza no país.
Quantos
postos de trabalho seriam
criados com a ampliação da indústria naval, com o aumento nas empresas de
transporte, com os novos postos de fiscalização e controle, com a indústria de
peças, com novos fornecedores, com a ampliação de mão-de-obra nos portos? É uma
verdadeira bola de neve, que não iria parar de crescer. Dados do Governo
Federal mostram que em 1999, o país tinha 44 portos, operados por cerca de 62
mil trabalhadores. Com um investimento sério no transporte marítimo, estes
números poderiam alcançar patamares excelentes. Uma análise superficial pode
apontar para, pelo menos, a duplicação destas vagas.
O
modal aquaviário é fundamental para promover e integrar o país interna e
externamente. Afinal, são oito bacias com 48 mil km de rios navegáveis,
reunindo, pelo menos, 16 hidrovias e 20 portos fluviais. Entre 1998 e 2000, 69 milhões de toneladas foram
movimentadas. Modernizado e adequado às exigências de um mundo globalizado, o
transporte marítimo pode diminuir distâncias internas e ser decisivo na
consolidação do Mercosul, além de aumentar o comércio com os demais
continentes.
Outro
grave problema em relação aos portos é o custo de embarque por contêiner.
Apesar de ter diminuído em quase US$ 300, o valor ainda é muito alto
comparando-se aos portos estrangeiros. Há muita burocracia e os portos nacionais
ainda não têm o mesmo preparo que os europeus ou asiáticos. Falta preparo e
maiores investimentos para suportar um aumento significativo nas exportações.
O
Governo demonstra preocupação com o setor de transportes, tendo iniciado uma
reestruturação, quando foram criados o Conselho Nacional de Integração de
Políticas de Transporte (Conit), o Departamento Nacional de Infra-estrutura de
Transportes (DNIT), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e a
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Mas ainda é pouco, já que o
país permanece atado à malha viária como principal meio de escoamento da
produção. Muito mais precisa ser feito, já que as possibilidades de
crescimento, em todos os sentidos, são imensas e o transporte multimodal segue
em ritmos muito lento. Somente usando várias formas de transporte, com custos
reduzidos, menor tempo para deslocar as cargas poderão diminuir preços,
fortalecendo o consumo interno e fomentando mais exportações.
Possuir
uma frota mercante de real poder é questão não só de desenvolvimento social e
comercial mas, também, de segurança e estratégia. Se não há como fazer girar o
seu comércio por falta de navios, o Brasil fica à deriva, guiado por empresas
estrangeiras. Em termos de segurança, a frota se torna um apoio fundamental
para a Marinha de Guerra em caso de necessidade. Inúmeros exemplos, como a
Guerra do Golfo, onde a navegação civil ajudou no conflito, ilustram isso.
Para
o setor da logística, o transporte marítimo também significa crescimento. É um
mercado muito grande e praticamente virgem, se considerarmos a magnitude do
potencial brasileiro. Há muito o que se fazer nos portos e nos elos de ligação
com o transporte rodoviário e ferroviário. Pode-se imaginar uma variada gama de
opções para os profissionais da logística atuarem. Quer seja diretamente nos
portos, nas empresas marítimas, de armazenamento ou junto às transportadoras
dos outros modais.
Os
números mostram que o transporte marítimo é o famoso gigante adormecido. Em
2000, portos fluviais, lacustres e marítimos foram responsáveis pela
movimentação de 460 milhões de toneladas de carga. Um ano antes, o setor
hidroviário teve 13,8% de participação no transporte nacional, ficando atrás
das ferrovias (19,5%) e das estradas (61,8%). Em 1985, as hidrovias
movimentaram 18,3%, contra 23,6% do setor ferroviário e 53,6% do rodoviário.
Nota-se aí que a utilização do setor marítimo está diminuindo. Ou seja, postos
de trabalho estão sendo fechados e o prejuízo ganha escala global dentro da
economia brasileira. Como se não bastasse o problema social, há ainda a
sobrecarga na malha viária, cujas condições são cada vez piores graças ao
aumento no tráfego de caminhões, algo que amplia os índices de acidentes e
mortes em nossas estradas.
Engº Cristiano
Cecatto
Gerente Executivo e Consultor especialista em logística Inbound/Outbound da Qualilog.
2º Colocado do Prêmio A.B.M.L./2002 na categoria Movimentação e Armazenagem/Case Roche
Leia outros textos sobre Logística, Gestão e Supply Chain no site do Especialista
Qualilog: www.qualilog.com.br
Publicação de Revista EngWhere nº23
Gerente Executivo e Consultor especialista em logística Inbound/Outbound da Qualilog.
2º Colocado do Prêmio A.B.M.L./2002 na categoria Movimentação e Armazenagem/Case Roche
Leia outros textos sobre Logística, Gestão e Supply Chain no site do Especialista
Qualilog: www.qualilog.com.br
Publicação de Revista EngWhere nº23
Fonte explorada: http://www.ecivilnet.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário