Impactadas pelo intervalo
de cinco anos sem leilões de blocos exploratórios, entre 2008 e 2013, as
atividades de perfuração de poços de petróleo e gás estão em queda no Brasil.
No rastro do menor ritmo das petroleiras, fornecedoras globais da indústria, como
Tenaris (controlada do grupo ítalo argentino Techint), a americana Baker Hughes
e a francesa Vallourec, vêm reportando queda de receita no mercado brasileiro
nos últimos meses e já colocam o país como principal responsável no recuo de
negócios na América Latina.
Segundo informações do
Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP), da Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as perfurações de novos poços no
Brasil caem 18% em 2014. No ano, até 31 de outubro, foram contabilizadas 434
perfurações - de poços exploratórios, desenvolvimento e produção. Isso
significa uma redução próxima de 100 poços na comparação com os dez primeiros
meses de 2013.
Ainda segundo dados da
agência reguladora, tanto as atividades em terra quanto em mar estão em queda.
Enquanto no onshore a redução no ritmo das perfurações é de 12%, as atividades
marítimas caíram 32%. Por exemplo, a fabricante francesa de tubos de aço
Vallourec foi bem explícita ao atribuir a redução de 69% do lucro global no
terceiro trimestre à queda na demanda brasileira. A empresa lucrou € 25 milhões
(US$ 31 milhões) no período. As vendas totais da companhia caíram 2,6%, para €
1,34 bilhão (US$ 1,67 bilhão).
De acordo com a companhia,
os negócios no Brasil foram afetados pela deterioração do ambiente
macroeconômico no país e pela decisão da Petrobras de eliminar a maior parte de
seus estoques de tubos até o final do ano, o que afetou as oportunidades de
novas encomendas. O desempenho brasileiro foi atenuado, segundo a companhia,
pelas operações "robustas" no mercado de gás nos EUA.
Já a Baker Hughes vem
registrando no acumulado deste ano, até setembro, aumento de 9% nas receitas
mundiais, para US$ 17,92 bilhões. Mas as vendas apuradas no Brasil não têm
conseguido acompanhar o desempenho global. "A receita aumentou em todos os
segmentos, com exceção da América Latina, que foi impactada pelas reduções na
Venezuela e no Brasil. A redução no Brasil é atribuída primeiramente pela
redução nas atividades de perfuração e pela deterioração do preço praticado no
país", citou
relatório do terceiro trimestre da empresa, cuja receita na América Latina, o
quarto maior mercado da fornecedora, caiu 3%, para US$ 1,65 bilhão nos nove
primeiros meses de 2014.
A baixa nas perfurações no
Brasil e na Venezuela foi também reportada pela Tenaris, que tem registrado
vendas 22% menores no mercado sul-americano - num total de US$ 1,34 bilhão até
setembro. "Na América do Sul, apesar do
aumento gradual na Argentina, as vendas continuam a ser afetadas por baixo
nível de vendas no Brasil e na Venezuela", cita a empresa no relatório do
terceiro trimestre.
A Halliburton cita a
redução das atividades em águas profundas no Brasil como um dos destaques
operacionais da América do Sul no terceiro trimestre. Responsável por 12% das
receitas, a região é o quarto maior mercado da fornecedora, atrás das divisões
América do Norte, Europa/África e Ásia/Oriente Médio. O desempenho no Brasil,
porém, não chega a comprometer os resultados da companhia, cuja receita
totalizou US$ 1,05 bilhão no terceiro trimestre na América do Sul. O desempenho
representa uma alta de 4% sobre igual período de 2013, embora abaixo da taxa de
crescimento global de 16%.
Valor
Econômico - André Ramalho | Do Rio
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